Lacan y las psicoterapias de grupo. Apresentação de Rafael Arroyo Guillamón, psiquiatra e psicanalista espanhol, membrro de APOLa, 25/11/2024
- Trabalhos com grupos na Argentina: grupos multifamiliares (Jorge Garcia Badaraco) e grupos operativos (Pichon-Rivière). Ambos conheciam o trabalho de Lacan;
- No mundo anglosaxão, Bion e Foulkes (grupanálise). Discípulos contemporâneos desses autores não citam Lacan;
- Como Lacan não era favorável ao trabalho com grupos e dizia que as ideias vinculares de Pichon-Rivière não adicionavam nada à psicanálise, os psicanalistas franceses se mantiveram um pouco distantes dos trablahos de grupo. Apesar disso, houve importantes psicanalistas que se decdicaram aos grupos, como Didier Anzieu e René Kaës, que recorreram a conceitos de Lacan. Rafael A. Guillamón diz que esses autores (Anzieu e Kaës) usam os termos lacanianos, mas em um sentido freudiano ou clássico;
- Gladys Adamson, Escola de Psicologia Social del Sur: grupos operativos com aportes lacanianos
- Graziela Jasiner: (livro: Coordenando Grupos) "os trabalhos com grupos são caracterizados por uma ausência de lógica", e ela pretende trazer essa lógica ao trabalho de grupos (15:50)
Lacan sobre grupos
- 17:00 várias referências de Lacan sobre grupos
- 21:00 La psiquiatria inglesa e a guerra (1947): comenta grupos terapêuticos para soldados
- 26:00 comenta o psicodrama de Moreno (curioso aqui é que o autor do vídeo, que é um psiquiatra espanhol, fala de Moreno como se fosse um desconhecido, o que não é o caso para nós, psicólogos brasileiros)
- 28:00 "o efeito de grupo" que ocorre nas instituições psicanalíticas (Carta de Dissolução e Seminário 27)
- 28:50 "o grupo adiciona certa obscenidade que obscurece o discurso da psicanálise", só era possível evitar virar uma igreja ao se formar vínculos ou grupos temporários: "juntem-se o tempo que for necessário para fazer algo e depois se dissolvam" (Seminário 27)
- 33:00 "relações de grupo", "efeitos de grupo", "instinto de grupo", "necessidades de grupo" "função de grupo", "moral de grupo", "formas de grupo", "espírito de grupo" são termos em que Lacan se refere aos grupos, sempre de modo negativo ou pejorativo
- 34:00 se antes Lacan tinha considerado positivo o psicodrama para pacientes psicóticos, depois já não considerava que o psicodrama colocasse a devida ênfase na palavra, que é o meio principal de trabalho da psicanálise. Seminário 2: o psicodrama conduz a armadilhas imaginárias próprias da catarse emocional
- 35:00 ao longo da obra, Lacan considerou o trabalho com grupos limitado a situações excepcionais e de emergência em que o trabalho simbólico não é tão fácil
Freud: uma verdade oculta a descobrir
- Freud se inscreveu no neopositivismo, seu pensamento se apoiou em física, fisiologia... que tomavam como fonte de conhecimento a experiência sensível, dada a priori, antes que um pesquisador se aproximasse e descobrisse as leis que estavam invisíveis;
- Freud defendia que a psicanálise deveria apoiar-se na observação experimental
- Não duvidou em reconhecer a psicanálise como parte da psicologia e como uma ciência natural (Algumas lições elementares de psicanálise)
- 39:00 Inconsciente individual e interior ao corpo
- O analista deveria ser um observador neutro que através da associação livre, abstinência iria revelar o inconsciente que estava oculto
- O analista escuta o paciente a espera de encontrar uma verdade oculta, devendo manter-se em silêncio até que a verdade estiver a ponto de aflorar à consciência
Sujeito: um saber lógico por construir
- 42:00 Base epistemológica diferente de Freud: linguística, matemática, física relativista e quântica
- Realidade a partir do caráter simbólico ou discursivo e não tanto um caráter material, perceptual. Então não fazia sentido considerar uma realidade a priori: é a presença o observador participando e modificando o campo de estudo que funda a realidade ⇢ não se trata tanto de observar experimentalmente os fatos, mas de construir uma hipótese que fixe os atributos da realidade a investigar
- o "inconsciente é o discurso do outro",
- 44:00 "esse Outro é um lugar suposto que alojaria todos os elementos do mundo simbólico à espera de ser ordenado ao modo de uma linguagem, produzindo um possível sentido"
- o inconsciente não se limita a uma pessoa já que a linguagem governa toda a troca social, e como não é um inconsciente individual, não se situa no interior do corpo não é um ente natural, mas um conceito abstrato
- 45:40 "o sujeito é o que defino em sentido estrito como o efeito do significante, este é um sujeito por exemplo antes de poder situar-se, por exemplo, em tal ou qual das pessoas que estão aqui em estado individual, antes inclusive de sua existência de vivente"
- 46:27 então o material com que trabalha Lacan não é o indivíduo como Freud, mas uma ficção narrativa: se trata do texto que o analista compõe ao selecionar e combinar partes do discurso do paciente, estabelecendo uma hipótese, a hipótese que inaugura o caso ⇢ o sujeito é uma hipótese de trabalho
- Para Lacan as regras do espaço tempo não eram tão importantes como para Freud, nem existia a possibilidade de se manter neutro
- Para acessar o campo que precisa estudar para estabelecer esse sujeito, o analista precisava sair do seu lugar neutro realizando um cálculo que produzia uma verdade inexata mas logicamente plausível (o desejo do analista)
Em direção a uma clínica grupal a partir de Lacan
- O enquadre não define a psicanálise
- A presença do corpo não é tão importante
- Paciente e analista são funções: o relato do paciente traz elementos que são como as variáveis independentes que a função analítica vai tratar de enlaçar, convertendo-as em variáveis dependentes segundo uma lógica
- 58:00 não se trabalha fazendo "psicanálise em grupo" (tratando pessoas individualmente dentro de um grupo, escutando cada componente e intervindo nele). O psicanalista também não faz "psicanálise de grupo" analisando o grupo como um todo
- 59:30 (o psicanalista) "às vezes se centra nas vicissitudes de uma pessoa e busca em outras ocasiões as ressonâncias nos outros, se bem que são as repetições que ele identifica no discurso grupal as que habilitam o fio condutor com que se constrói o sujeito do inconsciente grupal"
- 1:00:00 Outros membros da equipe, depois das sessões, tendo acesso ao material analítico, podem construir o sujeito do inconsciente
Para ver o vídeo na íntegra: