Neste texto Freud discute o conceito de negação, que é uma forma de "levantamento da repressão, mas não, certamente, uma aceitação do reprimido" (p. 277).
Freud vê na negação uma evidência de que o processo intelectual se separa do processo afetivo: a pessoa consegue pensar numa ideia mas se mantém afastada da emoção que estaria associada a ela. O afastamento é justamente a negação da emoção associada com a ideia: ver exemplo do "chamamento". Ele diz que "o juízo negativo é o substituto intelectual da repressão" (p. 278).
O juízo teria duas tarefas/decisões a tomar:
- em relação à coisa: aceitar ou recusar uma característica
- em relação à representação: admitir ou contestar que existe na realidade
Freud associa "afirmação" com a união, com o eros; associa a "negação" ao instinto de destruição. A ideia é de que isso é uma evolução de um momento inicial em que a criança ou queria engolir (o bom) ou expelir (o ruim).
Instinto | Objetivo | |
Afirmação | Eros | engolir (o bom) |
Negação | Destruição | expelir (o ruim) |
- "o conteúdo reprimido de uma ideia ou imagem pode abrir caminho até a consciência, sob a condição de ser negado" (p. 277)
- "Você agora vai pensar que eu quero dizer algo ofensivo, mas não tenho de fato essa intenção." Compreendemos que é a rejeição, através da projeção, de um pensamento que acabou de emergir (p. 276)
- a negação permite ao pensamento um primeiro grau de independência dos resultados da repressão (p. 281)
- na análise não se encontra o "não" vindo do insconsciente ⇢ "o reconhecimento do inconsciente por parte do Eu se exprime numa fórmula negativa" (p. 282)